Um relatório do Ministério da Educação põe em causa os dados relevados há algumas semanas sobre o ensino em Portugal. Na altura, um estudo (PISA) da OCDE colocava o país entre os melhores, revelando aumento da taxa de leitura, queda nas reprovações e subida das notas. No entanto, o estudo hoje [31-12-2010] tornado público refere que os alunos do secundário são incapazes de estruturar um texto encadeado e têm dificuldade em explicar um raciocínio com lógica. Neste relatório de 2010, o GAVE (Gabinete de Avaliação do Ministério da Educação) diz que pais, alunos e escolas devem preocupar-se mais com o que os estudantes aprendem e menos com os resultados alcançados. No estudo relativo a 2010, o GAVE detecta fragilidades nos alunos do básico e secundário, sobretudo quando são necessários vários passos para resolver um problema ou se houver combinação de conceitos diferentes. Os alunos terão ainda dificuldades em estruturar um texto encadeado ou explicar um raciocínio com lógica. "Não é um dado novo, nem sequer é um dado exclusivamente nacional. Tem de ser pensado um trabalho de fundo ao nível da superação das dificuldades", apontou o director do GAVE, Hélder Diniz de Sousa, em declarações à Agência Lusa. GAVE contraria optimismo do PISA Nos primeiros dias de Dezembro um relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) atribuía a Portugal uma evolução "impressionante" que aproximava o país da média dos membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). No entanto, e face aos resultados do GAVE, Hélder Diniz de Sousa considera que "não há contra-senso entre os dois relatórios". "É impossível estabelecer paralelismos entre um estudo e outro. O PISA é um estudo de longa data, que mostra evoluções com intervalos de tempo consideráveis. Este relatório mostra o diagnóstico do que se passa em concreto, nas nossas escolas, no dia-a-dia", apontou o responsável do gabinete de avaliação do ministério. Para Hélder Diniz de Sousa, "mais do que aprender e ser capaz de reproduzir conhecimentos, que gera resultados no imediato, é muito importante perceber quais as aprendizagens que ficam por se fazer", pelo que se torna necessária uma mudança de atitude por parte das famílias, que o responsável lamenta estarem mais preocupadas com os resultados do que com a forma como é feita a aprendizagem. "A par da preocupação com os resultados é muito importante estarmos preocupados com o que aprenderam. Se a sociedade fizesse o processo ao contrário, preocuparmo-nos com a qualidade do que se aprende, os resultados apareceriam certamente", apontou. No relatório do GAVE surge essa ideia de que os alunos portugueses têm mais facilidade nas respostas que requerem selecção, revelando mais dificuldade nos itens de construção, dificuldades ligadas "às limitações observadas no domínio da escrita". RTP - 31-12-10 |
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