Metas de Aprendizagem | |||||
Isabel Alçada: escolas têm que traçar as suas metas para o sucesso educativo14.09.2010 - Bárbara Wong, Bárbara Reis - Jornal PúblicoHá uma palavra que Isabel Alçada, ministra da Educação, repete vezes sem conta neste início de ano lectivo: metas. As novas metas de aprendizagem vão estar disponíveis na Internet a partir de amanhã. São um guião de objectivos concretos que os alunos devem atingir - 'compõe e decompõe números pelo menos até ao milhão', por exemplo, para os alunos do 4.º ano do básico. Hoje, a ministra vai pedir aos directores das escolas que, com este novo instrumento e usando três indicadores - provas de aferição e exames, chumbos e abandono -, as escolas tracem metas para melhorar os seus resultados até ao fim do ano. É urgente aumentar o número de horas de Português e Matemática no sistema educativo? Não. É importante que haja uma focalização do trabalho para assegurar as competências básicas nessas áreas, que o tempo seja bem aproveitado e que haja um investimento dos alunos no estudo e no treino. Descreveu os currículos como 'dispersos' e 'desestruturados'. Como torná-los melhores? Os currículos estão estruturados, têm lógica e articulação. Há ajustamentos que se podem introduzir, mas é prioritário lançar metas de aprendizagem que permitam que seja claro para professores, pais e alunos o que devem saber em cada ano. Os professores não trabalham já com metas? Trabalham mais com programas. Esta é uma definição de outra natureza, que não está suficientemente clarificada. Pode dar exemplos? A ideia é os professores verem qual a medida certa para cada ano. Mas não passa por um aumento de horas, as pessoas julgam que se houver mais tempo se melhora os resultados. O importante é usarmos muito bem o tempo. A distribuição de horas é equilibrada quando há crianças de 13 anos com 13 disciplinas? Não, continua a haver possibilidade de afinar o currículo. Não acho que esteja equilibrado. Não vou avançar com os afinamentos porque fazemos questão de trabalhar com os parceiros e ouvir a sua opinião. Os docentes têm que se reconhecer com as mudanças nessa matéria. O processo começa com as metas. Há prazos? No final do ano avaliam-se as metas e depois introduz-se a reforma? Não gosto de falar de reforma porque as grandes reformas em que tudo muda trazem muitos prejuízos, está mais do que estudado. O que importa é que, a partir do que já temos, tenhamos segurança para avançar com melhoramentos. Prefere mudanças pontuais? Sim, é essa a nossa perspectiva. Este ano vamos também propor aos directores das escolas que tracem metas de melhoramento. Como? Imaginemos que temos um determinado nível que a escola atingiu em 2009/2010: vamos propor que adoptem como prática o traçar metas de melhoria, usando as metas de aprendizagem e as estratégias e recursos que já têm, como o Estudo Acompanhado e os apoios de grupo ou individual. Outro dos indicadores vai ser a repetência, que melhorem os resultados dos alunos e que estes aprendam efectivamente mais. O terceiro indicador é a desistência. Apostamos em 12 anos de escolaridade obrigatória e temos que estar atentos ao risco de os jovens abandonarem. A partir dos 14 anos há 1,84 por cento de jovens que desistem. Vai propor às escolas que evitem os chumbos? Quando propomos estratégias de melhoria em nada se diz que é para diminuir a exigência. Propomos que olhem bem para as repetências e se mobilizem para, desde o início do ano, encontrarem estratégias para que os alunos que não estão a acompanhar bem o processo sejam acompanhados e os pais envolvidos. Que condições é que as escolas têm para fazer esse trabalho? Têm muitas condições. A prova é que em muitas escolas isto já acontece. Como se pode fazer esse trabalho quando há um psicólogo para dois mil alunos? Como nos outros países: não está tudo na escola. Temos que recorrer a instituições que dão apoio. Não podemos pensar em encher a escola com profissionais de todas as áreas. Os professores precisam de apoio técnico, mas o cerne da actividade da escola é a sala de aula. Os casos em que há problemas podem ser trabalhados na escola com as equipas que existem. Quais são as instituições que dão apoio às escolas? Centros de saúde, comissões de protecção de crianças... As escolas vão usar essa rede para trabalhar para o sucesso? As escolas devem aproveitar melhor as parcerias. Por exemplo, há professores nas comissões de protecção de menores. Estes têm que encontrar forma de ajudar os que mais precisam. Esta é a estratégia de trabalho - as competências básicas são essenciais, precisamos de aprender mais e melhor para ter uma garantia de oferta pública de qualidade - e para isso tem que haver um trabalho colectivo e cada um tem que encontrar a solução melhor para o seu contexto. O ministério vai avaliar as escolas para ver se cumpriram os objectivos que se propuseram? Este é um processo de auto-avaliação. Nós daremos apoio técnico e formação e propomos uma meta nacional. Como é que as metas de aprendizagem se relacionam com as metas que vai pedir às escolas? Quem vai definir as metas a alcançar são as próprias escolas. Nem por sombras nos passa pela cabeça passagens administrativas. Às notas deve corresponder uma aprendizagem efectiva. Em termos práticos, como é que as escolas vão fazer? Vamos pedir aos directores para olharem para informação que o ministério tem, que olhem e se organizem para conseguir melhorar com base numa análise. No final do ano faremos um balanço. Haverá alguma lei, portaria...? Eu confio muito nos directores.Quando falámos com o Conselho de Escolas vários directores disseram que já faziam isso. Para aplicar as metas, as escolas podem pedir financiamento ao ministério? Não, o programa é um devolver de informação e é pedido um incentivo para que as pessoas estejam unidas. Como é que vai fazer esse apelo? Através de reuniões com todos os directores, já a partir de amanhã. Vamos lançar a proposta para se começarem a organizar e em Novembro haverá uma reunião técnica para vermos problemas e dúvidas. Não há diminuição de exigência, é um ponto de honra. Artigo Original: sitio do Público | |||||
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