terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vilar de Perdizes

E se Vilar de Perdizes me fosse contado?...
Entre “palulas” e barrosões brilha o sol na minha terra mãe

De Vilar de Perdizes muito pouco se sabe desde a Idade Média. Sabemos através dos grandes arqueólogos e historiadores que já existia provavelmente antes do século X.
Muitas vezes Vilar de Perdizes é falado nos jornais, na televisão, na rádio, nas revistas e na Internet quase e exclusivamente por altura dos Congressos da Medicina Popular. Porém, poucas, muito poucas pessoas conhecem a história desta terra ímpar onde um dia vi o sol brilhar.
Nos poucos documentos existentes que me foi possível até agora consultar, a minha terra merece ser contada sem o apego afectivo que a ela me une.
Desde tempos remotos do Paleolítico Superior e do Neolítico o termo territorial de Vilar de Perdizes foi ocupado por tribos celtas recolectoras nómadas e que aí acabaram por se fixar provavelmente devido à situação geográfica, ao clima ameno (embora saibamos que a Glaciação Wurmiana tivesse afectado toda a Europa) e à riqueza dos solos. Ainda que, as pessoas atribuam aos Mouros tudo o que é antigo, nela encontramos vestígios pictografados (escrita na pedra) da arte rupestre datando provavelmente de cerca de 10 mil anos: vejam as pegadinhas de Nossa Senhora entre Santo André e Vilar de Perdizes (o povo designa de sagrado tudo que lhe parece humanamente inexplicável - sabendo que uma burrinha comum não pode deixar pegadas na pedra dura, a tradição oral, atribuiu-lhe a denominação de pagadinhas da burrinha de Nossa Senhora) e as figuras antropomórficas de Caparinho, junto à ribeira da Assureira, alusivas ao culto fálico e à reprodução humana. No monte designado por Rameseiros existe uma pedra, com dez palmos de comprimento, oito de largura e seis de altura, escrita em latim vernáculo (popular) possivelmente com vocábulos celtas (keltoï) onde, o Conde de Miragaia, Jerónimo Contador de Argote, Santos Júnior, Colmonero e Fontes tentaram decifrar o conteúdo sem, no entanto se apurar com perfeita exactidão o significado da mensagem. Pairam hipóteses de que se trata de um aviso de um senhor possuidor (Reburri-filho de Viriato) da propriedade em cujos frutos e colheitas que aí existiam ninguém lhes poderia tocar sob pena de ser amaldiçoado ou punido. Também da época castreja, como a maioria dos castros da região, datando da segunda idade do ferro, do chamado período do Hallstat, com cerca de 3000 anos antes da era Cristã existe na Mina, a dois passos da ribeira da Assureira, um castro em ruínas e que merecia ser reconstruído como foi o de Carvalhelhos e o de Curalha por Santos Júnior. No cimo do monte dos Escouços permanecem igualmente os restos de um toloï ou casa circular que provavelmente estaria ligado à defesa do Castro da Mina contra o inimigo e à comunicação por sinais de fumo com os vários castros Bíbalos da zona, devido ao posicionamento topográfico estratégico. Saindo de Vilar, após o cruzamento da Perdiz rumo a Meixide, antes do rio das Ingadas, à direita da estrada encontramos um magnífico altar pagão, dito altar de Penascrita, onde, muito perto, foi descoberta há 30 anos uma ara ao Deus Larouco (cit. Fontes). Nesse altar faziam-se sacrifícios de animais, próprios do culto pagão e animista.
Mas de Vilar de Perdizes muito pouco se sabe desde a Idade Média. Sabemos através dos grandes arqueólogos e historiadores que já existia provavelmente antes do século X (décimo).
Pelos documentos investigados, sabemos que Caria, o actual bairro da aldeia lado nascente encoberto pela colina do Vale do Mosteiro foi o primeiro povoado a existir entre o século VIII e o IX. Este bairro teria sido edificado por árabes e o próprio topónimo advém da língua árabe e que quer dizer “aldeia”. Ainda hoje se conta que havia uma moira que penteava, todos os dias, os cabelos doirados na mina do Gosé da tia Chôcha. Sameiro já existia antes do Cimo de Vila datando possivelmente dos séculos IX e X, após a expulsão dos mouros. Esta denominação teria vindo do nome de um senhor (rico ou nobre) que se instalou entre os dois povoados, agora bairros, e servido de traço de união entre eles. Seguiu-se Cimo de Vila, construído entre os séculos XI e XIII, cujo nome está ligado à ocupação cristã a qual teria explorado os terrenos agrícolas férteis aí existentes - daí “Villa” no sentido agrário do termo da época. Concluímos, pois, que Vilar de Perdizes já existia antes da nacionalidade portuguesa (1143) fundado após a reconquista por povoadores independentes nos séculos IX e X. Ao nome de Vilar foi adicionado o determinativo de Perdizes devido à abundância dessa espécie cinegética local no século XIII.
Do território de Vilar de Perdizes fizeram parte, no século XII, as aldeias de Meixide, Solveira, Santo André e Soutelinho da Raia.
D. Afonso III (1248-1279) concedeu a Vilar de Perdizes uma das “seis honras de Barroso”.
Logo a seguir, Vilar de Perdizes foi anexada ao concelho de Montalegre. Nos séculos XVII e XVIII separaram-se as freguesias de S. Miguel e de Santo André. Em 1841 todo o território de Vilar pertenceu ao concelho de Ervededo até que este se extinguisse em 1853 voltando de novo para o concelho de Montalegre.
Nota:
Por nos ter sido pedido, futuramente, tencionamos dar continuação a este trabalho com o objectivo pedagógico de esclarecer os nossos leitores locais sobre a riqueza histórica da nossa terra, patenteada no património monumental aí existente. Gostaríamos também, que a juventude de hoje preserve e guarde esse património e se honre de ser Vilaperdicense.
Por: Hélder Alvar
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