quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Professores utilizam alunos na luta política

Os professores do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura decidiram cancelar a quase totalidade das actividades previstas para este ano lectivo que envolvam a comunidade ou que impliquem qualquer deslocação. Neste leque de actividades canceladas encontram-se, por exemplo, o desfile de Carnaval, a habitual ida à praia das crianças do pré-escolar, várias visitas de estudo ou a participação em programas educativos de âmbito nacional. Prejudicar a comunidade foi a forma encontrada por estes professores na sua luta política.
A associação de pais não compreende esta tomada de posição por parte dos docentes, que irá causar graves prejuízos aos alunos, pois este o Concelho de Paredes de Coura debate-se com graves carências económicas e sociais e sabemos que muitos dos alunos do agrupamento têm nas actividades agora suspensas uma oportunidade que, infelizmente, muitos pais não lhes conseguem oferecer. Além disso, numa altura em que se tenta, cada vez mais, levar os pais e a comunidade à escola, a atitude dos docentes, tomada por maioria dos 143 professores e educadores do agrupamento, vem afastar ainda mais esse cenário.
O Plano Anual de Actividades é um documento de planeamento que define, em função do Projecto Educativo, os objectivos, as formas de organização e de programação das actividades. É um documento que é aprovado pelo Conselho Geral (ou Conselho Geral Transitório), elaborado pelo Director/Conselho Executivo depois de ouvido o Conselho Pedagógico a quem cabe única e exclusivamente apresentar propostas.
Como pode o Conselho Pedagógico ter aprovado unilateralmente tal suspensão?
De onde lhe advêm tais competências?
Tal situação configura um 'motim' do qual é necessário esclarecer cabalmente toda a comunidade e apurar responsabilidades.Senão incumprimento do Plano Anual de Actividades e uma deliberação que carece de competências e por isso ilegal, pelo menos traduz uma inteira falta de respeito pelo princípio de Ética e sobretudo pela comunidade educativa e em particular pelos jovens, seus alunos, levando à descredibilização da classe docente e da escola pública.Os fins não podem justificar os meios.Anexamos a CARTA ABERTA que melhor do que a Confap traduz toda a situação:Carta aberta aos professores do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura.
Caros professores e educadores,
Quando os actuais órgãos sociais da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura tomaram posse, há pouco mais de dois anos, um dos aspectos que mais nos impressionou foi o grande alheamento dos pais em relação à escola. Uma realidade que, infelizmente, ainda hoje subsiste mas que, felizmente, será de dimensões mais reduzidas. Queremos acreditar que foi o empenho conjunto desta associação de pais e de outros elementos da comunidade educativa, nomeadamente o conselho executivo do Agrupamento e todos os docentes que aqui exercem funções, que possibilitou esta maior aproximação entre os pais e a escola. Exemplo disso foi o crescimento da participação dos encarregados de educação nas habituais reuniões com os directores de turma.
Mas também a própria comunidade courense, onde o Agrupamento está, queira ou não, inserido, acolheu com excelente receptividade várias actividades promovidas pelas escolas, pelos professores, pelos alunos. Actividades que conseguiram a proeza de saltar os muros dos estabelecimentos de ensino deste concelho e trazer a escola ao encontro dos cidadãos, da comunidade, no seguimento, aliás, daquelas que são as linhas mestras que norteiam o projecto educativo do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura, onde se exalta uma escola que envolva os alunos, mas também as famílias e a comunidade.
Por outro lado, conseguiu também, em diversas ocasiões, levar a comunidade à escola para participar em várias actividades.Tudo isso parece, contudo, ter ficado esquecido pelo corpo docente deste agrupamento de escolas, que não encontrou outra forma de protesto contra uma política de âmbito nacional, que não fosse o deitar por terra uma política educativa local que começava a dar frutos. Em luta contra a proposta de avaliação defendida pelo Ministério da Educação, os professores e educadores do Agrupamento resolveram cancelar todas as actividades habitualmente realizadas fora da escola.
Actividades habitualmente abertas à comunidade, realizadas ao encontro da população, mas também todas aquelas que permitiam aos alunos um contacto com realidade diferentes da sua. Este ano não haverá desfile de Carnaval, não haverá visitas de estudo, não haverá praia para os mais pequenos e toda uma série de actividades que normalmente traziam a escola para o meio da comunidade.
A Associação de Pais, defendendo a necessidade absoluta dos docentes serem devidamente avaliados, não está, de maneira alguma, contra o legal direito à greve dos professores que contestam a forma como o Ministério da Educação o quer fazer. Greve que, aliás, já causou muitos problemas aos alunos e encarregados de educação deste agrupamento, levando inclusivamente, e incompreensivelmente, a que se fechassem totalmente as escolas, não obstante a existência de funcionários não docentes e até de funcionários de outras empresas que, não estando em greve, foram impedidos de exercer as suas funções.
Não se compreende, por exemplo, como se pode negar a refeição do meio-dia a crianças que, muitas vezes, têm na escola a sua única refeição. Apesar disso, repito, não somos de forma alguma contra o livre exercício do direito à greve pelos professores e educadores. Mas não conseguimos entender o porquê de, como forma de retaliação à imposição ministerial, se cancelarem todas as actividades extra curriculares do Agrupamento.
Será que julgam que são os cerca de 700 pais de Paredes de Coura que vão beliscar o Governo? Não tenham dúvidas que os únicos que vão ser prejudicados são os alunos e a relação da escola com a comunidade onde está inserida. E, muito provavelmente, a imagem dos professores e educadores no seio dessa comunidade, mas isso é coisa com que, certamente, não se preocuparão. Nós, pais e encarregados de educação, pelo contrário, ficamos preocupados quando vemos que a escola onde estudam os nossos filhos fecha as portas à comunidade e se isola do que a envolve, como se fosse possível uma escola funcionar de costas voltadas para a comunidade. Ficamos tristes quando sabemos que, por causa de uma atitude que não compreendemos por parte dos docentes, as crianças e jovens de Paredes de Coura vão ficar privadas de uma série de actividades que as enriqueciam, social e culturalmente, actividades de importância significativa especialmente num concelho com as características económicas e sociais que tem Paredes de Coura.
Mas, acima de tudo, ficamos consternados, por saber que uma atitude como esta coloca em xeque todo um trabalho em prol e com a comunidade, que vinha sendo desenvolvido até então. Por tudo isto, fazemos chegar à comunidade docente do Agrupamento de Escolas Território Educativo de Coura o nosso descontentamento pela atitude tomada no Conselho Pedagógico do passado dia 11 de Fevereiro. Mas também o nosso apelo para que, tendo em atenção os nossos filhos, os vossos alunos, reconsiderem e encontrem outras formas de travar as vossas batalhas.
A Associação de Pais Escola EB 2,3/S de Paredes de Coura Volta da Quinta
– 4940-574 Paredes de Coura
Tel. 960140115 /
descarregar a CARTA ABERTA

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