A INDISCIPLINA EM SALA DE AULA: UMA ABORDAGEM COMPORTAMENTAL E COGNITIVA (2009) Luís Picado Professor Coordenador do ISCE - Instituto Superior de Ciências Educativas (Portugal). Doutor em Psicologia da Educação Luís Picado, pretende com este trabalho, esclarecer o fenómeno da indisciplina escolar e explicar algumas das variáveis individuais e socioprofissionais que contribuem para a existência do problema. Apresenta estratégias de âmbito comportamental e cognitivo e analisa o seu contributo face a problemas disciplinares. Ressalva deste estudo a importância de uma abordagem profiláctica, actuactiva e resolutiva de cariz cognitivo-comportamental que deva ser pensada em função do problema, do aluno e das circunstâncias. Entrando no tema, Luis Picado refere que 'Os problemas da indisciplina em sala de aula têm, desde os tempos imemoriais, importunado professores e administradores escolares.' adiantando que 'Os professores referem-se a este problema como um dos aspectos mais dificeis e perturbadores para quem lecciona. Até os docentes mais experientes estão de acordo em afirmar, que adquirir o domínio da sala de aula durante as primeiras semanas do ano lectivo, é um dos principais objectivos.' Segundo o autor, 'a associação do fenómeno da indisciplina à agressividade e delinquência, tem conduzido os professores, quer por impotência, quer para se desculpabilizarem, a colocar as causas da mesma nos alunos e na sociedade, evitando deste modo, qualquer reflexão sobre o tema (Zwier & Vaughan, 1984; Coslin, 1989; Perry, 1990; Campart & Lindstrom, 1997).' Está nas mãos dos professores e da escola lidar com os casos de indisciplina, já que ambos contribuem para boa parte dos maus comportamentos que os alunos têm dentro da sala de aula. Luís Picado, especialista em psicologia da educação, defende no seu ensaio que muitos dos problemas têm por base a incapacidade da classe docente de encontrar novos modelos de convivência escolar: 'Os professores são os responsáveis pelos problemas de indisciplina em sala de aula, mas não são os culpados por todas as situações de indisciplina em sala de aula. 'Pode parecer uma imagem demasiado forte, mas não me importo de a usar se isso contribuir para alertar para este fenómeno', esclareceu o investigador e autor de vários estudos sobre psicologia escolar ao jornal ionline que produziu um artigo sobre o estudo e que levantou já vários comentários em blogues sobre educação. No estudo, Luís Picado alerta para o facto de os conflitos poderem resultar da incapacidade que o professor tem de ouvir os pontos de vista dos seus alunos. Muitos dos problemas que surgem na aula relacionam-se directamente com a autoridade do professor e com a relação que mantém com o aluno. 'Definir um conceito de indisciplina que seja comum para todos os docentes é outro embaraço que propicia um terreno fértil para comportamentos problemáticos dos alunos. É essa falta de coerência, diz o psicólogo citado pelo ionline, que leva as crianças e os adolescentes a testarem diferentes comportamentos em cada sala de aula para ver os que são ou não tolerados.' ' A sobrecarga de trabalho, a desvalorização social do estatuto do professor ou as características pessoais são algumas das razões que explicam igualmente o comportamento dos alunos e até a noção que as crianças têm hoje da figura do professor.' idem. Refere ainda que a organização e as práticas das escolas são determinantes: 'Currículos considerados pelos alunos pouco importantes para as suas vidas, horários desajustados, deficientes condições das salas, mau planeamento das aulas, marcam todo o processo de ensino e são responsáveis por problemas comportamentais.' 'O ensaio de Luís Picado parece ter causado algum incómodo. 'É preciso ver que cada professor chega a ter quatro e cinco turmas e é muito difícil estabelecer uma relação individual com cada um deles', avisa Paulo Guinote, autor do blogue 'A Educação do Meu Umbigo'. Lidar com os casos de indisciplina depende sobretudo das características individuais dos professores: 'Nem todos têm capacidade de liderança', esclarece o professor do ensino básico, acrescentando que as condições físicas são determinantes: 'Muitas vezes é só uma questão de tom de voz, de carisma. Às vezes basta ser mulher para se ter dificuldade em mediar os conflitos entre alunos', esclarece Paulo Guinote.' (citado no ionline) 'António Couto dos Santos, ex-ministro da Educação no governo de Cavaco Silva, aponta outros factores que contribuem para a indisciplina na escola: 'A primeira razão são os pais que se demitem do seu papel, estando os professores pressionados a colmatar essa lacuna.' As políticas e a organização escolar são outros aspectos que facilitam os maus comportamentos dos alunos: 'Os professores são confrontados com dezenas de circulares contendo orientações contraditórias que tanto chegam do ministério como das direcções regionais ou da própria escola e isso faz com que se sintam completamente perdidos', remata.' (idem) Mais do que saber se são as margens que comprimem o rio ou se é este que comprime as margens, ignorar qualquer uma destas forças seria sinal de pouca inteligência, já que ambas existem (e é nas curvas do rio que se acentuam) e não se podem negar. Mas não nos percamos no título sensasionalista (que não subscrevemos) do artigo jornalístico nem do seu conteúdo demasiado 'centrado' na actuação ('responsabilização') dos docentes (é certo que o estudo se centra nesta relação, abstraindo-se aparentemente das outras condicionantes) pois o estudo merece leitura dedicada para que cada um possa tirar ilações sem os constrangimentos (ou condicionamentos) da notícia ou de qualquer outro preconceito. Luís Picado faz, no seu trabalho, uma abordagem comportamental e cognitiva para a resolução dos problemas (e que é aplicável a qualquer educador, pai ou professor), falando do Reforço Social (ou simplesmente reforço), Punição(apontando várias), Extinção e outras estratégias comportamentais, de que se recomenda a leitura. (link no título do para consultar o estudo na sua versão integral) «artigo do ionline» |
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