Conferência Contextos Sociais e Políticas Educativas O ex-ministro da Educação, David Justino, defendeu, na conferência promovida pela CONFAP, que “o aumento da escolarização para os 12 anos tem que ser ponderado numa articulação muito estreita com a legislação do trabalho”. Na conferência, realizada no Europarque, em Santa “O abandono escolar leva à inserção precoce no mercado de trabalho e essa, porque implica qualificações reduzidas, envolve níveis mais baixos de remuneração”, explicou o actual assessor da Casa Civil do Presidente da República. “É um ciclo vicioso e há um número elevadíssimo de portugueses que estão nessa situação”. A mudança que a escolaridade obrigatória de 12 anos “implica nesta estrutura da população activa vai demorar não anos mas décadas”, continua David Justino. “Se o aumento da escolarização é tão urgente é porque cada ano que nos atrasamos se traduz em milhares de portugueses que não conseguem sair desse ciclo vicioso do atraso”. O ex-ministro da Educação rejeita, contudo, a ideia generalizada de que o abandono e o insucesso escolar sejam inevitáveis em crianças provenientes de agregados com “baixo capital familiar - económico ou social”. Nesse contexto, referiu o exemplo “surpreendente” das sociedades asiáticas, onde casos de grande sucesso profissional têm muitas vezes origem em situações de pobreza. “A questão é que a quantidade e a qualidade do trabalho que esses miúdos têm na escola não tem qualquer comparação com a dos estudantes americanos e europeus”, explica David Justino. “São sociedades que sempre estiveram muito orientadas para o princípio de é preciso muito trabalho para ter sucesso”. Em Portugal, contudo, “a imagem social do ensino sempre foi muito associada à ideia de que o secundário é uma preparação para o ensino superior”. Lembrando que já antes propôs a reorganização dos ciclos, David Justino sugere: “O 3.º Ciclo tem que se aproximar mais do secundário. Não pode ser um prolongamento do básico, como é agora, (..) e a perspectiva de conferir competências mais profissionalizantes devia ser acentuada”. Se a escolaridade obrigatória de 12 anos vai ter efeitos “daqui a 10 ou 12 anos, não interessa”, diz o ex-ministro. “É preciso levar as pessoas a pensarem que, daqui a alguns anos, ter o 9.º ano não serve para nada (…) e o que conta é fazer com que elas comecem agora a elevar as suas expectativas”. Agência Lusa - 20. Junho. 2009 | |||||
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