terça-feira, 17 de março de 2009

IDT: Pais têm de controlar mais o que os filhos bebem

O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) acusa os pais de se «demitirem das responsabilidades enquanto educadores» ao permitirem que os filhos saiam à noite e bebam em excesso. Para o presidente do IDT, João Goulão, não faz sentido a ideia de que os progenitores desconhecem o que fazem os filhos: «Os pais têm de saber o que os filhos bebem quando saem à noite» e por isso, conclui, estão a «demitir-se das suas responsabilidades enquanto educadores».«Quando saem, muitos jovens bebem álcool e também bebem o juízo», disse João Goulão, em entrevista à agência Lusa.
Além das mazelas directas para a saúde do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, João Goulão lembra que essas noitadas podem terminar em gravidezes não desejadas, no contágio de doenças sexualmente transmissíveis, envolvimento em actos de violência e acidentes de viação. Os consumidores de álcool apresentam «com mais frequência envolvimento com experimentação e consumo de tabaco e substâncias ilícitas e envolvimento em lutas e situações de violência na escola», alerta o Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool, do IDT, em discussão pública desde Fevereiro.
De acordo com estudos referidos no plano, os jovens começam a beber cada vez mais novos e em cada vez mais quantidades: o início do consumo de álcool está a aumentar entre os 15 e os 17 anos, tendo passado dos 30 por cento em 2001 para os 40 por cento em 2007. Além disso, os mais novos estão a adoptar perigosos padrões de consumo até agora associados aos povos nórdicos, de «grandes exageros aos fins-de-semana». Quase metade dos jovens entre os 15 e os 24 anos admitiu ter tido, pelo menos uma vez no último ano, um consumo tipo binge (mais de quatro doses de bebida numa só ocasião) e 11,2 por cento dos adolescentes entre os 15 e os 19 anos assumiram «ter-se embriagado no último mês», refere o relatório, citando um estudo nacional. «Os portugueses estão a adoptar padrões de consumo nórdicos, ou seja, de grandes exageros ao fim-de-semana e quase abstinência durante a semana», afirmou o presidente do IDT. João Goulão lembrou que os portugueses bebiam «tradicionalmente num contexto de convivialidade»: «Quando havia uma reunião de amigos, as pessoas iam conversando, discutindo e bebendo». «Agora, nesta nova forma de beber, muitas pessoas embebedam-se mesmo antes de ir ter com os amigos. Bebem rapidamente muitas quantidades com o intuito claro de alterar o seu estado de consciência e depois é que vão para a rua. É a nova tendência de beber dos jovens», alertou.
O binge drinking é responsável por 27 mil mortes acidentais, dez mil suicídios e dois mil homicídios todos os anos na Europa, refere o relatório do IDT. «Este tipo de consumo não é exclusivo dos jovens e cerca de 80 milhões de europeus com idade superior a 15 anos disseram ter praticado binge drinking pelo menos uma vez por semana, em 2006», lê-se ainda no Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool. Com base em estudos internacionais, o documento acrescenta que «cerca de 25 milhões de europeus com mais de 15 anos de idade referem que o binge foi o seu padrão habitual de consumo no último mês». «Embora o consumo médio de álcool tenha vindo a decrescer na UE, a proporção de jovens e jovens adultos com padrões de consumo nocivos cresceu na última década em muitos dos Estados-membros», estando os menores de idade entre os que apresentam padrões mais preocupantes, destaca o documento.
O álcool causa anualmente 195 mil mortes na Europa, sendo a faixa etária entre os 15 e os 29 anos a mais afectada. Para reduzir os consumos, o IDT propôs ao Ministério da Saúde alterar a permissão de venda e consumo de álcool dos actuais 16 para os 18 anos e a «promoção da fiscalização sistemática nos locais de consumo e venda».
Diário Digital / Lusa 11/03/2009

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