terça-feira, 21 de abril de 2009

Sexualidade: Pais precisam de educação sexual

Os pais portugueses estão não estão preparados para assumirem a educação sexual dos filhos e necessitam urgentemente de formação, disse na noite de terça-feira, na Figueira da Foz, o monsenhor Vítor Feytor Pinto. Intervindo durante a tertúlia Reacontece, no Casino da Figueira da Foz, sobre a educação sexual nas escolas, Feytor Pinto considerou que a sexualidade é «dominada por tabus» no seio das famílias portuguesas e que estas revelam falta de preparação para falarem do tema com naturalidade. «Quem precisa urgentemente de educação sexual são os adultos. Se nós não tivermos adultos a saberem com o que é que lidam, efectivamente nunca poderão ser educadores», disse.
«Os pais que não têm formação, que ainda não descobriram a beleza da sexualidade de uma maneira positiva e apenas vêem o monstro da sexualidade, como é que podem ser os educadores dos seus filhos?», inquiriu. Frisando que os pais nessa situação «têm de recorrer à escola» numa perspectiva de complementaridade, Feytor Pinto sustentou a educação para a sexualidade humana «é muito mais vasta do que a actividade sexual».
«[A sexualidade] contém como elemento mais pobre a actividade sexual», referiu. Feytor Pinto recusou que a Igreja Católica possua uma visão retrógrada da sexualidade humana, embora tenha admitido existirem «algumas vozes» retrógradas «que têm que mudar». «É essa a minha luta há 27 anos, não estou no ar, estou a lutar por isto. Por isso me especializei, trabalhei na área, para dizer aos padres, aos bispos, o que se deve fazer nesta área extremamente importante para a educação das novas gerações», sublinhou.
Presente no debate, a psicóloga Margariga Gaspar de Matos - que integrou o Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES), que laborou durante dois anos e cujas propostas foram acolhidas no projecto-lei do Partido Socialista, recentemente aprovado no Parlamento -- disse que existem escolas em Portugal com trabalho efectivo na área da educação para a Saúde. «Há muita coisa a ser feita. Às vezes as pessoas não sabem, para injustiça dos próprios professores», disse. Alegou que a nova lei surgiu da necessidade de outras escolas «que funcionam mal» assumirem responsabilidades e prestarem contas à sociedade civil.
«Por isso é que há uma lei, é para proibir as escolas de qualidade baixíssima de continuarem assim», disse Por outro lado, aconselhou os estabelecimentos de ensino «de excelência» a ignorarem a nova lei. «Continuem, não liguem à lei. Façam mais do que a lei, que é o que já estão a fazer até agora», exortou.
Diário Digital / Lusa 11-03-09

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